Hoje, as mudanças climáticas são um dos desafios globais mais urgentes a serem enfrentados pela humanidade e, contraditoriamente, são impulsionadas, sobretudo, pelas atividades humanas.
O aumento das emissões dos gases de efeito estufa (GEE) são uma das suas principais causas, uma vez que acentua a temperatura média global. Não é à toa que hoje temos a maior concentração GEE na atmosfera, logo, a Terra está 1,1ºC mais quente em relação ao final do século XIX.
E não para por aí!
Estudos do Sexto Relatório de Avaliação (AR6), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), revelam que, até 2040, há mais de 50% de chances de a temperatura mundial alcançar, ou até mesmo ultrapassar, um crescimento de 1,5ºC e, até 2100, chegar a 3,2ºC. Como complemento, dados do Programa de Observação da Terra da União Europeia – Copernicus indicam que o mês de setembro deste ano foi o mais quente da história, ou seja, superou em 0,5ºC o recorde anterior, ficando 1,8ºC acima dos níveis pré-industriais.
Preocupante? Sem dúvidas. Mas existem soluções, uma delas é manter as florestas em pé.
Floresta e carbono
Conservar as florestas é primordial, visto que a fauna e a flora são capazes de controlar os ecossistemas e manter o equilíbrio ecológico. Enquanto algumas espécies de animais, como as antas e as aves, são eficazes na dispersão de sementes que geram novas plantas, as árvores, além de liberarem oxigênio (O2) na atmosfera, são fundamentais para a captação do dióxido de carbono (CO2), um dos principais GEE. Segundo uma pesquisa publicada na revista científica Nature Climate Change, de 2001 a 2019, as florestas espalhadas mundo afora sequestraram duas vezes mais CO2 do que emitiram na atmosfera, isso significa que elas conseguiram absorver 7,6 bilhões de toneladas de carbono. Contudo, o desmatamento ainda é constante, sendo a perda de florestas tropicais a mais excessiva, assim a preocupação com o efeito estufa e aquecimento global continuam sendo uma realidade.
De acordo com dados da plataforma Global Forest Watch, ano passado a perda de florestas tropicais primárias foi de 4,1 milhões de hectares. Por minuto, isso equivale a devastação de 11 campos de futebol.
Infelizmente, o Brasil continua sendo o país com a maior perda. De 2021 a 2022, houve um aumento de 15% no desmatamento, sendo a nação responsável por 43% do total global. Desta forma, os 1,8 milhão de hectares derrubados resultaram em 1,2 gigatoneladas de emissões CO2 na atmosfera.
REDD+ Cerrado
Neste cenário de preocupação com o futuro climático, temos o REDD – Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação. O conceito surgiu como um conjunto de incentivos econômicos, com o foco na diminuição das emissões de GEE resultantes do desmatamento e da degradação florestal. Hoje, chamado de REDD+, contempla o papel da conservação, o uso sustentável e o aumento de estoques de carbono nas florestas em seu contexto.
É neste mercado que o Legado Verdes do Cerrado, a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Brasil, está inserido.
Em 2022, a Reservas Votorantim, administradora da área, e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), proprietária do território de 32 mil hectares, criaram o primeiro projeto de REDD+ do Cerrado brasileiro, certificando 11,5 mil hectares do Legado Verdes do Cerrado para emissão de 316 mil créditos de carbono, compreendendo o período de 2017 a 2021.
Através do REDD+ Cerrado, as empresas buscam promover e contribuir com os avanços na ciência para a conservação do bioma e de sua biodiversidade, fomentando a redução e presença de GEE atmosfera, além de gerar valor compartilhado para a região, o que contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.
Diante desse cenário urgente de conservação florestal, a redução das emissões de gases do efeito estufa e a adoção de práticas sustentáveis se tornam imprescindíveis.
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdo para o Legado Verdes do Cerrado.