Você já ouviu falar em PANC? Saiba que elas estão mais perto do que imagina!
PANC é a sigla para Plantas Alimentícias Não Convencionais, ou seja, são espécies de plantas que, apesar de terem uma ou mais partes comestíveis e nutritivas, não fazem parte do cardápio comum da maioria das pessoas, como as cultivadas de forma massiva.
De acordo com uma pesquisa, a qual resultou na publicação do livro “Local Food Plants of Brazil”, escrito pela nutricionista Michelle Jacob, com apoio do botânico Ulysses Paulino Albuquerque, estima-se que no mundo existam 30 mil plantas comestíveis, sendo que 20% do total estão no Brasil. No entanto, apesar de estarem presentes em diferentes localidades, o consumo e o conhecimento sobre uma PANC podem variar de acordo com a região, por isso, além do nome, é importante apresentar suas formas de consumo e preparo.
Importância das PANC
Em geral, as PANC são cultivadas por agricultores familiares que as plantam principalmente para consumo próprio ou comunitário, e passam o conhecimento sobre as espécies de geração para geração, o que faz do cultivo e consumo de PANC uma forma de valorizar o que é local. Além disso, a prática fomenta a agroecologia, a qual impulsiona a diversificação alimentar ao mesmo tempo em que contribui para a conservação das florestas e sua biodiversidade, já que as PANC são adaptáveis, resistentes e se propagam com facilidade em locais e climas variados.
Por vezes chamadas de “mato”, as PANC possuem valor nutricional por terem proteínas, vitaminadas, fibras, sais minerais e antioxidantes, os quais fazem nosso corpo funcionar bem. Desta forma, o consumo de PANC também é capaz de auxiliar em prevenções de doenças. Elas podem ser ingeridas de diferentes maneiras, como in natura, cozidos e refogados. Além disso, engana-se quem acredite que somente folhas são classificadas dessa maneira, sementes, brotos e flores, também podem ser comestíveis.
PANC do Cerrado
As PANC variam de região para região, ou seja, o que é considerado uma planta alimentícia não convencional no Sul, pode ser tradicional no Centro-Oeste e vice-versa. O “Arroz com Pequi”, um prato típico em Goiás, pode ser para outros Estados uma iguaria que leva PANC em sua receita, por exemplo.
Além do pequi (Caryocar brasiliense), fruto típico do Cerrado, o bioma também possui outras PANC características, como o baru (Dipteryx alata), o buriti (Mauritia flexuosa), o ipê-amarelo (handroanthus albus), o cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile) e a lobeira (Solanum lycocarpum), espécies essas que podem ser encontradas no Legado Verdes do Cerrado, a primeira Reserva Privada de Desenvolvimento Sustentável de Goiás e do bioma Cerrado no Brasil.
As PANC oferecem uma oportunidade para enriquecer o cardápio dos brasileiros e promover práticas alimentares mais sustentáveis. Ao integrar essas plantas na alimentação cotidiana, não apenas diversificamos a ingestão de sabores e nutrientes, mas também fomentamos a conservação ambiental e o fortalecimento das economias e tradições locais.
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado.