O Cerrado, um dos biomas mais ricos e biodiverso do Brasil, tem ganhado destaque por sua importância ecológica e econômica. Conhecido por seu clima, vegetação savânica e rica biodiversidade, o bioma tem se mostrado um terreno fértil para o desenvolvimento da economia verde. Mas o que seria isso?
Economia verde é um conceito que busca aliar crescimento econômico à conservação ambiental, ou seja, promove práticas que reduzem impactos negativos ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que geram empregos e criam oportunidades de negócios sustentáveis. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 havia 2,3 milhões de pessoas trabalhando neste setor.
Economia verde no Cerrado
No Cerrado, a economia verde pode se manifestar de várias formas. A agricultura, por exemplo, que é uma atividade crucial na região, é capaz de promover métodos e técnicas sustentáveis, as quais fomentem a agricultura de baixo carbono, a recuperação de áreas degradadas, além de receita para o país.
Atualmente, o Cerrado é responsável por 60% da produção agrícola brasileira, porém é um bioma que ainda precisa de atenção em relação a devastação. O sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indica que no ano passado houve um aumento de 43% do desmatamento do Cerrado em relação à 2022. É neste cenário que a economia verde emerge como uma solução.
Segundo o relatório “The Cerrado: Production and Protection”, da iniciativa Tropical Forest Alliance, do Fórum Econômico Mundial, em colaboração com a Systemiq, ao adotar medidas de proteção ambiental ao mesmo tempo em que impulsione a produção sustentável de alimentos, o Cerrado poderia gerar 72 bilhões de dólares anuais à economia do Brasil até 2030.
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que combina a produção de grãos, pastagens e árvores na mesma área, aumentando a produtividade e diminuindo a pressão sobre novas áreas de vegetação, é um exemplo de produção sustentável.
No Legado Verdes do Cerrado esse conceito é aplicado desde 2020, em 20% dos 32 mil hectares do território, através de práticas que visam a produtividade de grãos por meio do plantio direto na palhada, que mantém toda a estrutura física do solo, favorecendo o equilíbrio microbiológico e reduzindo a emissão de gases do efeito estufa.
Nesse modelo, após os cultivos, o gado alimenta-se da palhada, o que favorece o ganho de peso do rebanho e a ciclagem de nutrientes para o próximo ciclo produtivo.
O Legado Verdes do Cerrado também trabalha com outras frentes em sinergia à economia verde. Em uma área de seis hectares, antes ocupada por eucaliptos, a Reserva abriga hoje em sistema agroflorestal o cultivo das espécies nativas, baru e cajuzinho-do-cerrado, associadas a limão, banana e goiaba. Já, por meio de seu Centro de Biodiversidade, é capaz de cultivar até 250 mil mudas exclusivas do bioma por ano, que podem ser usadas em projetos paisagísticos e em reflorestamentos.
Investir na economia verde no Cerrado significa não apenas proteger um bioma valioso, mas também criar um modelo de desenvolvimento que respeita e integra a natureza. Combinando inovação, tecnologia e práticas sustentáveis, é possível construir um futuro em que a prosperidade econômica e a conservação ambiental caminham juntas. As oportunidades são vastas, e a chave para o sucesso está em adotar soluções que harmonizem negócios com a natureza, garantindo um legado positivo para as próximas gerações.
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado.