Cerrado e seu potencial paisagístico

Palicourea rígida (bate-caixa) | Foto: Luciano Candisani

O paisagismo com espécies nativas não é apenas uma questão de estética. É uma poderosa ferramenta para a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas locais. As plantas nativas estão estreitamente ligadas aos seus biomas de origem, evoluindo ao longo dos anos para se adaptarem às condições específicas do solo, do clima e dos padrões de chuva de uma determinada região. Por isso, mesmo que em pequena escala, ao introduzir espécies nativas em projetos paisagísticos, o setor se torna um agente consciente e propulsor de práticas mais responsáveis e sustentáveis em prol da saúde do meio ambiente e do bem-estar vegetal, animal e humano.Parte superior do formulário

Mas o que o mercado revela sobre o segmento?

De acordo com um relatório da indústria de serviços paisagísticos IBIS World 2020, o setor tem receitas anuais de 105,3 mil milhões de dólares e emprega mais de um milhão de pessoas, além de representar mais de 513 empresas, sendo um pilar fundamental no âmbito sustentável.

E não para por aí. A expectativa é que o mercado paisagístico e de jardinagem atinja 257,30 bilhões de dólares este ano e chegue a 359,18 bilhões de dólares em 2029.

Agora, quando o assunto é o interesse do público, dados do SEBRAE, indicam que entre 2015 e 2020, o setor de jardinagem e paisagismo progrediu 30%. Avaliando somente o ano de 2021, a alta foi de quase 8%. Uma das explicações para tal avanço pode estar num levantamento do Twitter, o qual apontou que as conversas sobre a temática alavancaram 7 vezes no mesmo período e as dicas e tutoriais sobre decoração e jardinagem cresceram 112%.Mas

Paisagismo no Cerrado

Apesar da alta mercadológica, o Brasil, mesmo sendo o país mais biodiverso do mundo, ainda faz uso de espécies exóticas em seus projetos paisagísticos, prática que pode gerar impactos negativos ambientais à biodiversidade da flora local, já que interferem nos processos e cadeias ecológicas naturais das plantas nativas. Com base neste cenário, o Cerrado emerge como um bioma apto a mudar tal realidade.

Presente em cerca de 22% do território brasileiro, o Cerrado é um hotspot mundial de biodiversidade, sendo reconhecido como a savana mais rica do planeta, abrigando mais de 11.600 espécies de plantas nativas, muitas delas com potencial paisagístico.

Chamaecrista orbiculata (Planta moeda) | Luciano Candisani
Vellozia squamata (canela-de-ema) | Luciano Candisani
Psittacanthus biternatus | Luciano Candisani

Tendo em vista tal contexto, o Centro de Produção Biodiversidade do Legado Verdes do Cerrado, Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável, de propriedade da CBA | Companhia Brasileira de Alumínio, surge como uma alternativa a qual fomenta o uso de nativas em iniciativas paisagísticas, sobretudo para projetos urbanos e corporativos, após investir em estufas focadas na proteção das plantas e realização de testes de reprodução de espécies nativas com alto potencial ornamental.

Com capacidade produtiva de 250 mil mudas de mais de 50 espécies diferentes do Cerrado, como o araçá-vermelho, babaçu e jerivá, o local também se destaca pela produção de árvores, como o baru, angicos, aroeiras e ipês, todas espécies protegidas de acordo com a Resolução CEMAm nº 234, de dezembro de 2023. Além disso, possui um banco de sementes que, atualmente, é composto por 1,9 milhão de amostras de várias espécies, e pelo cultivo de plantas voltadas à restauração de áreas degradadas.

O paisagismo com nativas, independentemente da região, transcende o simples compromisso com a proteção da natureza e sua biodiversidade. É a harmonia entre a estética paisagística e os princípios científicos da conservação, onde os espaços criados não apenas são ricos visualmente, mas valorizam a diversidade biológica do Brasil. Desta forma, investir em projetos com plantas nativas também é promover a resiliência dos ambientes urbanos frente às mudanças climáticas. Este é um dos principais desafios do mercado para os próximos anos, contudo também é a oportunidade para práticas mais responsável em prol de um futuro mais sustentável.

Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado.

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