Registro traz esperança para a espécie que, no Cerrado, tem probabilidade de 100% de extinção em 100 anos
Um dos animais silvestres mais difíceis de ser avistado na natureza, o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) foi registrado no Legado Verdes do Cerrado – Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de propriedade da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, em Niquelândia (GO). O vídeo foi feito pelas câmeras de monitoramento de fauna do projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade, conduzido pela Reserva desde novembro de 2020 para o levantamento de espécies no território.
Esse é o primeiro registro da espécie no Legado Verdes do Cerrado e um dos poucos no Estado de Goiás. O vídeo foi feito em 2022 e divulgado após a análise das imagens. De acordo com Stephanie Simioni, bióloga do Onçafari, instituição parceira da Reservas Votorantim, gestora do Legado Verdes do Cerrado, o registro é um sopro de esperança, pois a espécie está classificada como “Em Perigo” de extinção no Cerrado, no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“No Cerrado, esse animal pode ser extinto na natureza nos próximos 100 anos. Embora pareça distante, quando se fala na conservação de espécies é pouco tempo. As principais ameaças são o desmatamento e a diminuição das principais presas do cachorro-vinagre, como a cutia, também ameaçada pela perda de habitat”, explica a bióloga.
O cachorro-vinagre
O cachorro-vinagre é a mais rara dentre outras cinco espécies de canídeos selvagens (animais pertencentes à família Canidae, ou seja, cães selvagens) que são encontrados no Brasil – lobo-guará, cachorro-do-mato, raposa-do-campo, graxaim-do-campo e cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas.
Pequenino e sociável são as duas características que mais chamam a atenção do cachorro-vinagre. Ele é o menor entre os canídeos brasileiros, mede entre 57 e 75cm de comprimento, possui entre 12 e 15cm de cauda e pode pesar de 5 a 8kg. Entre as espécies da mesma família, é o mais sociável, vivendo em bandos de 2 a 12 indivíduos. “O cachorro-vinagre é, em geral, carnívoro. Suas presas são, na maioria das vezes, tatus, pacas, cutias, ratos, coelhos, gambás, quatis, lagartos teiú, cobras e aves terrestres. Mas, quando caçam em grupo, o que é uma estratégia vantajosa já que são pequenos, conseguem presas maiores, como veados, catetos, capivaras e até emas”, acrescenta Stephanie.
Suas características físicas também se destacam, tem as orelhas redondas, corpo comprido e pernas curtas. Possuem membranas interdigitais entre os dedos (tecido que une os dedos, popular “pé de pato”). O seu nome popular é uma referência à sua coloração: castanho-avermelhada, como a do vinagre.
Antes, o cachorro-vinagre era encontrado em todo Brasil. Hoje, possui população fragmentada e quase que exclusivamente em áreas protegidas, distribuídas na Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, sendo as principais ameaças o desmatamento, diminuição das suas presas, como a paca, e a contração de doenças de animais domésticos.
Refúgio para espécies ameaçadas
Para David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, o registro reafirma a importância do território do Legado Verdes do Cerrado para a conservação da biodiversidade do bioma. “O cachorro-vinagre amplia a lista de importantes espécies já vistas na área, como a onça-pintada, o lobo-guará, o mutum-de-penacho, gato-mourisco e muitas outras ameaçadas de extinção. O Legado está inserido em uma Área Prioritária de Conservação do Cerrado e próximo a importantes Unidades de Conservação, tornando a Reserva um importante corredor de biodiversidade e um refúgio para essas espécies. Esse é mais um registro que nos anima e demonstra a efetividade do nosso modelo de negócio com base no conceito de múltiplo uso do solo”, comemora o diretor.
Instaladas em 25 pontos estratégicos do Legado, as armadilhas fotográficas registraram outros animais como anta, caititu, veado e cachorro-do-mato. Além das imagens desses equipamentos, outros registros feitos pelos funcionários da Reserva são incluídos no projeto de monitoramento, alimentando a base de dados sobre a fauna local. O trabalho conjunto, somado às pesquisas científicas realizadas no território, já resultaram em mais de 80 espécies catalogadas no Legado Verdes do Cerrado, entre pequenos e grandes mamíferos, anuros (sapos, rãs e pererecas) e peixes.
Sobre o Legado Verdes do Cerrado
O Legado Verdes do Cerrado, com aproximadamente 80% da área composta por cerrado nativo, é uma área de 32 mil hectares da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, uma das empresas investidas no portfólio da Votorantim S.A. A cerca de três horas de Brasília, é composta por dois núcleos. No núcleo Engenho, nascem três rios: Peixe, São Bento e Traíras, de onde é captada toda a água para o abastecimento público de Niquelândia/GO. Nele está a sede do Legado Verdes do Cerrado onde, em 23 mil hectares, são realizadas pesquisas científicas, ações de educação ambiental e atividades da nova economia, como produção de plantas e reflorestamento; enquanto 5 mil hectares são áreas dedicadas à pecuária, produção de soja e silvicultura. O núcleo Santo Antônio Serra Negra, com 5 mil hectares, mantém o cerrado nativo intocado e tem parte de sua área margeada pelo Lago da Serra da Mesa.
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Sobre a CBA
Desde 1955, a CBA – Companhia Brasileira de Alumínio atua de forma integrada, da mineração ao produto final, incluindo a etapa de reciclagem. Com capacidade de gerar 100% da energia consumida através de fontes renováveis, a CBA fornece soluções sustentáveis para os mercados de embalagens, transportes, automotivo, construção civil, energia e bens de consumo, além de ser líder em reciclagem de sucata industrial de alumínio.
Com a abertura de capital em 2021 (CBAV3), foi a primeira Companhia no segmento a ter ações negociadas na B3 e ingressou na carteira do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial – no seu primeiro ano de elegibilidade. Com receita líquida de R$ 8,4 bilhões em 2021 e R$ 1,5 bilhão de EBITDA ajustado no período, a CBA tem o compromisso de garantir a oferta de alumínio de baixo carbono em parceria com os stakeholders, desenvolvendo as comunidades em que está inserida e promovendo a conservação da biodiversidade.
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