Que o Cerrado é reconhecido como uma das regiões mais biodiversa do mundo não é segredo para ninguém, mas você sabia que a conservação da riqueza ecológica desse bioma também está intrinsecamente ligada à proteção de seus solos?
Atualmente, são os latossolos que predominam a região do Cerrado, cobrindo aproximadamente 46% do bioma. Eles caracterizam-se por sua grande profundidade, boa drenagem e tonalidades que variam entre vermelho e amarelo, resultado da presença de óxidos de ferro e hidróxidos de alumínio.
Especificamente no Legado Verdes do Cerrado, a primeira Reserva Privada de Desenvolvimento Sustentável de Goiás e do bioma no Brasil, tomando por base apenas o primeiro nível categórico do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, há a presença de 4 tipos de solo em 32 mil hectares de floresta nativa: Latossolo, Cambissolo, Neossolo e Plintossolo. O resultado é fruto da pesquisa “Qualidade dos Solos das Regiões Cársticas”, realizada em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), que além da quantidade, identificou variações de cores (amarelados, amarronzados e avermelhados) e diferentes texturas (argilosos, arenosos e siltosos) no solo da Reserva.

O solo do Cerrado tem um papel essencial na conservação dos recursos hídricos e no suporte à vegetação nativa. Com uma média anual de precipitação de 750 a 2000 mm, ele funciona como uma esponja natural, absorvendo e retendo a água da chuva. Esse processo é fundamental para a recarga dos lençóis freáticos e para a continuidade das nascentes que abastecem importantes bacias hidrográficas do Brasil, além das três maiores da América do Sul: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata.
Além do auxílio hídrico, os solos do Cerrado também possuem uma relação intrínseca com a biodiversidade presente no bioma. Por serem predominantemente latossolos, e terem como características a profundidade, drenagem, acidez e, por vezes, o baixo nível de nutrientes, essas condições desafiadoras moldaram uma vegetação adaptada, com espécies que desenvolveram mecanismos específicos para prosperar nesse ambiente. Um exemplo disso são as plantas de raízes profundas, capazes de buscar água e nutrientes em camadas mais internas do solo, garantindo sua sobrevivência mesmo em períodos de estiagem.
Dia Nacional da Conservação do Solo
Há 36 anos, no dia 15 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Conservação do Solo, um momento oportuno para refletirmos sobre a importância desse recurso natural essencial e a necessidade de adotar práticas sustentáveis para sua conservação.
A criação dessa data foi estabelecida pela Lei nº 7.876, em 13 de novembro de 1989, em reconhecimento ao trabalho do agrimensor e pesquisador norte-americano Hugh Hammond Bennett. Considerado o “Pai da Conservação do Solo” nos Estados Unidos, Bennett teve um papel fundamental na luta contra a erosão e influenciou diversos estudiosos ao redor do mundo, incluindo muitos pesquisadores brasileiros.

Os solos são a base silenciosa que sustenta a vida, guardiões da biodiversidade e fiéis aliados das águas que percorrem o coração do Brasil. Conservá-los vai além de um compromisso ambiental; é um dever para com a terra que nos nutre e protege. Neste Dia Nacional da Conservação do Solo, que possamos olhar para o chão que pisamos com respeito e gratidão, cultivando ações que assegurem sua fertilidade e equilíbrio, não apenas para o presente, mas como legado para aqueles que ainda virão.
* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado.