cachorro-do-mato: o guardião silencioso do Cerrado

cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), registrados no Legado Verdes do Cerrado | Foto: Luciano Candisani

No entardecer do Cerrado, um som discreto pode ser ouvido à distância: o uivo abafado do cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), um dos habitantes mais discretos e adaptáveis deste bioma. De pequeno porte, mas de grande relevância ecológica, a espécie simboliza a biodiversidade que se adapta e segue viva, mesmo em meio às transformações da natureza.

Não é um animal que chame a atenção por sua força ou aparência imponente, mas pela inteligência e pelo papel essencial que desempenha nos bastidores naturais. Durante suas andanças noturnas, ele ajuda a controlar populações de pequenos animais, como roedores e insetos, além de dispersar sementes, contribuindo para o equilíbrio ecológico e para a renovação da biodiversidade.

Com sua pelagem acinzentada, focinho alongado e orelhas sempre alerta, o cachorro-do-mato muitas vezes passa despercebido. No Legado Verdes do Cerrado, ele tem sido registrado de diversas formas: seja através de observações diretas, seja por suas pegadas encontradas em diferentes áreas, ou pelos registros feitos pelas câmeras de monitoramento espalhadas pela reserva.

cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), registrados no Legado Verdes do Cerrado | Foto: Luciano Candisani

Dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostram que o cachorro-do-mato não está atualmente listado entre as espécies ameaçadas de extinção. No entanto, enfrenta ameaças significativas, como a perda de habitat e atropelamentos em rodovias. Uma pesquisa do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), identificou que, ao longo de três anos de monitoramento, carnívoros silvestres como o cachorro-do-mato, a jaguatirica e a onça-pintada estiveram entre os animais mais afetados por atropelamentos em estradas que cortam a Mata Atlântica, o Cerrado e o Pantanal.

Diante desses desafios, ações de conservação integradas se tornam cada vez mais essenciais. No Legado Verdes do Cerrado, além do monitoramento contínuo de espécies, a criação de corredores ecológicos é uma estratégia importante para garantir a proteção da biodiversidade nativa.

cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), registrado no Legado Verdes do Cerrado | Foto: Luciano Candisani

Além de sua importância ecológica, o cachorro-do-mato carrega um simbolismo que reflete a essência do Cerrado: discrição, resiliência e uma profunda conexão com o ambiente. Sua presença, discreta, mas constante, reforça a importância de cada espécie para o equilíbrio das paisagens naturais. Assegurar que ele continue cruzando veredas, campos e cerradões é parte do compromisso com a manutenção dos processos ecológicos e da integridade do bioma. Seu uivo, muitas vezes quase imperceptível, serve como um lembrete de que até as formas de vida mais discretas desempenham papéis essenciais na dinâmica da natureza.

* Thayná Agnelli é jornalista formada pela FAPCOM, tem experiência em gestão de redes sociais e é responsável pela criação de conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado.

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